domingo, 26 de outubro de 2008

Fútil

Era uma vez um Menino e uma Menina, encontraram-se ao acaso numa rua. A noite ainda estava a meio.
Pararam, olharam um para o outro. O Menino pergunta a Menina :
- Eu conheço-te ?
A Menina responde:
- Acho que não, és parecido com o meu Pai.
Com isto começaria o melhor diálogo da vida deles.
- E eu acho-te parecida com a minha Irmã, o estilo das roupas, da maquilhagem, do corpo, do cabelo, conhece-la?
- Possivelmente não, tu tens o físico do meu Pai, o cabelo do meu ex-namorado e usas calças iguais aos meus amigos, aposto que ouvem a mesma música.
O menino vestia uns jeans largos com uma camisa chique e um casaco grosso, como está na moda. A menina adorava-o pois achava-o diferente. Retomou-se o diálogo:
- Sabes, adoro moda, tu pareces-me actual, pareces-me diferente.
O menino era um pouco convencido ao ponto de se achar diferente do Mundo.
- Eu tento ser diferente, de facto não o posso ser pois tenho que estar ligado ao Mundo, mas tu ainda me pareces familiar, o teu relógio é igual ao que toda a gente usa.
De repente a rua fica cheia de gente. O Menino e a Menina como gostam de ser observados ficam no mesmo sítio parados. Olham a sua volta, estão os amigos dela e as amigas dele, a diferença entre eles esta longe neste momento. São iguais a todos, a mesma forma de pensar, usam os mesmos ténis e tem telemóveis iguais, mas mesmo assim todos se dizem diferentes.
Eu assisti a isto tudo, estava sentado no chão dessa a rua a atar o sapato, achava aquela multidão fútil, sabia que eram filhos do mesmo Pai e da mesma Mãe.
A menina sentia falta de algo diferente, algo que a fizesse sentir feliz, o menino procurava ganhar um sentimento de distancia daquele lugar, mas ele pertencera aquela rua desde sempre. Ela nunca esteve rodeada de tanta gente mas sentia apenas a falta de uma só (ele) , ele estava lá com ela mas tinha sentimentos simples , sentia-se só.

2 comentários:

Anónimo disse...

para quem é que escreves isto ?

Anónimo disse...

Francisco, admiro-te.